quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sórdida Fome


Sórdida fome que maltrata
Destrói, humilha e mata...
Essa gente tão simples e gentil.
Das nuvens não cai chuva nem nada
Aos céus elevam-se preces e súplicas mil
Reza o sofrido povo...
Pedindo clemência por essa
Seca que destrói a vida e a dignidade,
Por essa fome que ceifa
As almas de seus filhos a fio.

Dos céus caem raios que arrasam
Racham a terra, a pele e a alma...
Desse povo humilde e gentil.
Com a dor no estômago vazio,
E com a imagem da morte
Estampada no magro rosto,
Num derradeiro fôlego,
Sai a voz rouca e fraca
Suplicando em prece
Para que Deus se apresse
A mandar água do céu...
E como se não bastassem
A sede, a fome e a falta d’água...
Vem o preconceito dessa gente insana
Que se isola, como se visse praga,
Cerram os olhos e endurece o coração
Joga à sorte e ao destino
Esse povo que sofre sob Sol a pino.

Oh Deus... Habita esses corações
Secos de sentimentos...
Que não sabem o que é sofrimento,
Por não ter o que comer nem beber,
Por não poder, simplesmente,
Viver sem a dor da fome como companhia,
Sem a sombra da morte a espreitar,
Ávida por mais vidas ceifar.
Nessa sina segue vivendo meu povo,
Com Deus no coração, com fé e esperança,
Resiste à fome e à sede,
À ignorância e ao preconceito.
Segue vivendo...
Com os olhos cerrados no céu,
Vive a pedir dignidade...

CLÁUDIO AVELINO DA COSTA, O POETA DOS SENTIMENTOS.

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