quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Despertar


Se o destino assim quis, que venham...
Os espinhos, as barreiras, as lágrimas...
Desçam com as Águas de Março,
Todos os obstáculos e lamas humanas...
Que seja a agonia a recompensa dos olhos
Ludibriados por sua própria cobiça.
Disfarcem-se as falsidades em verdades;
Aplainem-se e retifiquem-se os caminhos,
Porque os meus passos serão dados...
Por Deus, certos ou errados,
Firmes na razão, eles serão dados.

Que venham o calor e o frio das paixões.
Que o firmamento seja rasgado no véu
Trincado do tempo face ao inexorável fim...
Que gelem a alma, os desencantos diários...
Que desabem todas as nuvens, cúmulos,
Nimbos, estratos, cirros. Venham abaixo os céus.
Que soprem os ventos: leste, norte, sul,
De qualquer lado ou do meu Nordeste...
Que se choquem todas as Monções
Transformando os pontos cardeais
Em meras reticências desalinhadas...

Calmaria... Plácida tormenta...
Brisa leste, maresia traiçoeira,
Falsa como o canto das sereias
Que fascina os corações desprotegidos,
Inocentes, maliciosamente puros.
Que afundem todos os olhares inquisidores,
Os sorrisos mordidos e os ditos populares
Neste oceano social legalmente hipócrita,
Porque estou despertando lentamente,
Aflorando as minhas vontades e razões
À luz dos meus sofrimentos existenciais.

Que venham as saudades, os desamores
E todas as tristezas pranteadas.
Que explodam em meu peito rasgado,
Frio pedaço, tornado aço, friamente forjado
No calor dos desafetos e desencantos...
Que se revoltem todos os ventos,
Que soprem intensamente sem rumo,
Deflorando as rosas, virgens mães solteiras...
Que sejam subjugados o tempo e o espaço,
Que o destino lacre todos os “portais”,
Porque despertei de mim mesmo...

CLÁUDIO AVELINO DA COSTA, O POETA DOS SENTIMENTOS.

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