quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Recife Implora por Misericórdia


Recife fede a urina fermentada e a fezes ressecadas,
Fede a ratazanas políticas e a baratas palacianas.
Recife tem hálito de bocas de “lobos” escancaradas.
Recife fede de cima a baixo, de todo canto, de todo lado.

Recife fede a sangue derramado de mais um cidadão
Friamente assassinado nas vielas fétidas e sombrias.
Recife, copiosa, verte lágrimas lodosas de desespero
E a dor pungente que dilacera seu peito, mata...

Recife fede nas ruas, praças, pontes e esquinas.
Fede dos miseráveis casebres aos casarões abandonados.
Recife fede do Palácio do Campo das Princesas
Ao buraco mais imundo de um rato despolitizado.

Recife fede a vômito de um desempregado
Embriagado, largado pelas ruas esburacadas,
Pétrea cama, fria lápide. Minha Cidade!
--- Pernambuco, por que me abandonastes?

Recife fede ao Rio Capibaribe,
(esgoto a céu aberto)
Recife fede ao Rio Beberibe,
(chorume de um descaso público).

Recife tem o odor nauseante do nosso descaso
E ao acaso entrega-se imunda ao Atlântico
Nas precipitações que lambem suas feridas
Inflamadas, imundas, fétidas, abertas...

A minha cidade, silenciosa, morre lentamente
Acometida pelo câncer do descaso público,
Pelo lixo, pelas excretas, dejetos “desumanos”.
Pernambucanos, Recife implora por misericórdia.
POESIA PROTESTO PELO DESCASO QUE A MINHA AMADA CIDADE PASSA.

CLÁUDIO AVELINO DA COSTA, O POETA DOS SENTIMENTOS.

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