domingo, 26 de agosto de 2012

Corpo Profano


Fiz do teu céu a minha terra,
Do sol fui o suor e o pranto.
Da lua, pérola rara e fingida.
Da tua ilusão, alimento posto,
Saciei a minha fome humana
Na mesa do teu corpo profano.
As minhas lágrimas envenenadas
Foram o remédio para minhas feridas.
Inflamadas desilusões, apodrecidas
Pelos vermes dos meus ciúmes.

Tuas mentiras foram verdades
Que acreditei como certas.
Sementes de flores amargas
Semeadas em canteiros incertos.
Espinhos que rasgam a alma
No desabrochar em desalento.
Erradas foram minhas estradas,
Reta foi a certeza do precipício
Que me parecia tão inocente,
Tão raso, tão claro, tão florido...

Foi raro o meu puro sentimento,
Por ninguém ele foi reconhecido,
Porque em meu peito cicatrizado,
A fria pedra já não pulsa. Jazia...
Diz-me que tudo vivido foi o certo,
Que te afirmarei. Eu fui o errado.
Porque o perfume das rosas fáceis
Inebriam, distorcem a realidade,
Mas os espinhos que por ai floram,
Esses, transpassam a maldita carne.

CLÁUDIO AVELINO DA COSTA. O POETA DOS SENTIMENTOS.