I
Vós que
partistes alegando
Que não
é daqui esse amor
Que faz
de mim um mar
De
versos declamantes
Sob um
céu de poesia nova,
Deixastes
em meu peito,
Latente
e ferido,
A dor
nascente da saudade
E uma
agonia amarga
Que me
faz infelicidade.
Por
acaso não sabeis
Que vis
palavras atiradas
Nas
lembranças do tempo
Lançam o
mal em minh’alma
Que,
traiçoeiro e maldito mal,
Contamina
essa inocência minha
Que
ainda teima em ser criança
Mesmo
quando a vida insiste
Em me
furtar a infância
E todos
os sonhos que eu tenho.
Não é
daqui esse amor que sinto.
Assim
impiedosamente sentenciastes
Ao vento
e à eternidade do tempo
Alegando
que o santo não faz parte
Desse
corpo profano
Que a
nós foi legado,
Desse
oceano de amor e ódio
Que me
transborda atormentado
Da lua
cheia à lua nova,
Do Sol
nascente ao Sol poente,
Que não
me faz ser mar vazante
Nas
marés que sempre recolhem...
Não é
daqui esse amor.
Por que
assim alegastes?
Qual
potestade do céu infinito
Ou das
profundezas da terra
Teve o
pleno direito de julgar
O que
sinto, o que em mim nasce!?
Se foi o
criador que assim me fez
E me
atirou nesse mundo insano,
Que
consome o santo e o profano.
Mesmo
sabendo que tudo que exista,
Dos
limites do azul do céu
A uma
consciência infinita,
É sua
obra, sua criação,
Então,
que Ele mesmo me diga,
Que é
proibido amar a vida,
Que há
pecados no amor,
Que há
mistérios que não sei.
Por que
me condenastes à solidão?
Logo
vós, que eu tanto amei e amo!
Talvez,
nas injustiças da vida,
A mim
tenha sido negado
O
direito de amar e ser amado.
Talvez,
seja esse o meu destino:
Apenas
passar sem ter passado...
Apenas
sentir sem ter sentido...
Apenas
viver mesmo tendo morrido...
II
Vós que
alegastes que não é daqui
Esse
amor que me faz homem,
Não
lembrais que é do jardim a flor,
Que a
criatura vem do criador,
Que são
do azul do céu as asas,
Que
pertencem à terra as sementes
E que
todas as ondas se espraiam
Para
recolherem-se ao profundo mar?
Esquecestes
que as aves nascem na terra
E depois
retornam aos céus?
Por que
fazeis da minha mente
Uma fiel
homicida
E da
minha criança
Uma
prostituta maldita?
Por que
tornastes o amor que sinto
Numa dor
companheira?
Por que
apenas não fostes calada
No
silêncio das madrugadas
Ou no
orvalhar das manhãs?
Deveríeis
apenas ter ido, amor,
E não
ter me deixado vazio
Procurando
motivos santos
Nesse
mundo profano
Para
justificar ao meu coração
Esse
peito rasgado de dor
E essa
alma varrida pela solidão.
Vós que
partistes deixando em mim
Uma
eterna saudade doída
Sufocando
o meu fôlego,
E uma
realidade maldita fustigando
Os
únicos sonhos que ainda tenho.
Sabeis
vós que apagastes um futuro,
Que me
fizestes ser passado morto
Vivendo
num presente incerto.
Sabeis
também que convosco
Se foi a
minha inocência...
Ela era
a única pureza que eu tinha!
Agora
sou comum, sou igual a todos...
Piedade
vos peço!
Levais
também esse desconforto
De viver
morrendo a cada manhã,
De
respirar o ar que não quero...
De ser
lua nova no eterno...
Por
vossa negação, amor,
Agora,
em minhas veias,
Correm
sentidas
Lágrimas
ácidas,
Pedaços
de vida,
Corroendo
o peito,
Sufocando
a alma,
Dilacerando
esse coração
Que vos
ama...
Hoje,
nesses dias
Que
adormecem esquecidos,
O amor
que sinto se esvai
Num
olhar perdido,
Fazendo
de mim
Uma
espada afiada
Desembainhada
pela dor solidão.
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